CARTA ABERTA ÀS PESSOAS QUE ME CONHECEM HÁ TEMPO
Você não me conhece. Talvez nunca tenha me conhecido de fato. Eu sempre fui o que era mais adequado ser. Nunca eu. Desculpe, posso estar te enganando, eu já fui eu algumas vezes na vida, quando escrevia; você me lia? conseguia me ler? No meio dos outros, sempre fui um outro, estranho a mim mesme. Comecei a procurar por mim há apenas alguns anos. Você percebia como eu me escondia? E eu me escondia tão bem que a minha busca por mim se tornou muito difícil. Onde eu estava? Em que canto, encolhide? Hoje vejo deslumbres, partes de mim que me assustam, que me fazem fugir. Vejo beleza nessas partes também, embora precise de mais partes pra me ajudar a ver. Tenho descoberto muitos Ds habitando em mim, mas isso não é significativo pra você. Talvez você nem saiba que também tem outros nomes. Eu tenho dezenas, até onde conheci. Uma vez sonhei que um exército de Evelyns apáticas descia a rua; eu não me reconheci nelas, mas na minha vó que estava sentada na cozinha conversando comi