ESCREVER CASAS
Tem uma… coisa. Eu tenho uma coisa. Descobri, tirando fotos da lua cheia, que gosto de ser fantasma. E tem essa… coisa. Achei que o tempo tinha parado porque as nuvens não se mexiam, mas o escape de uma moto me tirou do pensamento. Estou escrevendo um livro. Outro. Já perdi a conta de quantos livros eu tenho escrito. Há anos me vejo observando casas. Sempre busco a imagem de uma casa para montar um quebra-cabeça. Até que percebi que escrevo casas em meus livros. Minha casa (antiga) é escura, e eu gosto muito da penumbra amarelada que fica independente da hora do dia. Minha casa suspira de vez em quando, às vezes chora também. Um dia sonhei que chovia muito, mas nenhuma gota passava pelas janelas abertas. As janelas da minha casa formam desenhos no chão quando a luz atravessa. Não são janelas modernas, tampouco comuns. Eu tenho um hábito de me encantar com a casa vazia, sabe. Ela nunca está vazia, na verdade. Eu gosto que, de casa, dá pra ver a amplitude do céu. Às vezes imag...