VOZ PRÓPRIA NA ESCRITA


      O verdadeiro encontro acontece quando a gente silencia a busca.


    Eu tenho uma facilidade tremenda em escrever textos curtos, em sintetizar ideias, fazer resumo, dizer muito em poucas palavras. Pra muita gente que escreve ou faz pesquisa, esse é um belo de um defeito.


Já tentei me alongar, inventar coisas, dar umas enroladas pra chegar a um texto de pelo menos 1500 palavras. Mas como é difícil! Algumas vezes até consegui escrever umas seis folhas, mas quando olho pra isso, não sinto que é meu.


Sempre ouço que um bom escritor consegue transformar três palavras em uma folha… talvez eu não seja um bom escritor.  Não tem texto que não caia em minhas mãos que eu não sinta vontade de passar a caneta comentando: você está dizendo a mesma coisa faz dez páginas!


Realmente, não sou um bom escritor, já que nem escritor, de fato, sou. Sou poeta e não escrevemos mais odisseias. 


Tem uma parte em A hora da estrela em que o narrador diz que cansou de descrever porque descrever é chato. Senti aquelas palavras no coração. Imagine se a descrição de todas as histórias que lemos fosse reduzida pela metade. Leríamos mais, com certeza.


Ontem mesmo estava passando para o computador um conto/crônica que escrevi há tempos. Deu uma página. A única descrição apresentada foi de uma rua desgastada pelo tempo, com estas exatas palavras. Descrição pobre? Econômica, diria, já que nem pago pra escrever, sou. E que texto escrevi! Um dos melhores! Uma assinatura! Olhei pr’aquilo e disse: finalmente encontrei o que queria.


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